sexta-feira, 21 de setembro de 2007


Médicos fazem festa enquanto pacientes sofrem
(Pâmela Oliveira e João Ricardo Gonçalves - Jornal O Dia)

Paulo passou a madrugada de ontem à procura de um médico que pudesse fazer o laudo da tomografia de seu pai no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, a família de Wallace Belarmino da Cunha, 14 anos, desesperava-se em busca de um leito de CTI para o adolescente, que morreu de manhã na sala de trauma. Alheios ao sofrimento dos pacientes, médicos realizaram uma festa com direito a cerveja, na residência médica, como relata o documento da administração da unidade de saúde.
"Houve festa na residência médica. O dr. X encomendou cervejas. O dr. Y, também da residência médica, desceu para pegar as cervejas", diz o documento, que relata ainda o fechamento do Serviço de Pronto-Atendimento (SPA) e do serviço de otorrino às 23h. O funcionário responsável pelo livro de ocorrência destaca que um paciente entrou meia-noite no hospital e "só às 2h conseguiu-se localizar o oftalmologista".
Preocupado com o pai Davi Gomes, 59 anos, que foi transferido da UPA de Irajá para fazer uma tomografia no Souza Aguiar, o serralheiro Paulo Gomes, 35 anos, diz que perdeu a conta de quantas vezes rodou o hospital atrás de um médico.
"Meu pai entrou às 18h no hospital com suspeita de derrame e só conseguiu fazer a tomografia quase meia-noite. Por volta das 21h, enquanto esperava, desci para comprar biscoito e vi uma pessoa na portaria com três caixas de cerveja perguntando por um médico. Durante a noite, só falei com um médico uma vez. E passei o resto da madrugada procurando por ele porque precisava do laudo, que só consegui às 8h. Achei aquilo um absurdo, um desrespeito com a vida", diz Paulo.
Depois de fazer a tomografia, Davi ficou em observação e, por pouco, não foi medicado por engano. "Quando cheguei na Emergência tinha uma ficha na maca dele, mas com o nome de Carlos. Falei que meu pai era Davi e então descobri que os exames e todo o prontuário dele, que eu tinha trazido da UPA, tinham sumido. Depois disso, só achei um médico às 6h da manhã, quando entrei no quarto dos médicos e encontrei todo mundo dormindo. Um deles brigou comigo porque eu não podia entrar lá. Quando ele falava, vinha aquele cheiro de cerveja", conta Paulo.Funcionários do hospital, que pediram para não se identificar , confirmam o relato do serralheiro. "Os médicos residentes beberam cerveja em lata no pátio da residência. Os pacientes e acompanhantes ficaram revoltados porque dava para ouvir o falatório", contou. A Secretaria Municipal de Saúde negou-se a comentar o caso. Informou apenas que vai apurar a denúncia.
ABRAÇO
O abraço de hoje vai para os verdadeiros médicos e não os imbecís da notícia aí de cima.

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